A melhor queda para o jiu-jitsu.
- Lawrence Luna
- 5 de jul. de 2024
- 3 min de leitura
No site bjjheroes.com você encontra estatísticas e números de diversos campeonatos.
Normalmente essas estatísticas se referem a campeonatos de nível internacional como o europeu, pan-americano e o mundial. Também, facilmente encontramos estatísticas sobre os maiores atletas da atualidade. Em uma das análises estatísticas de campeonato foi demonstrado a efetividade técnica das quedas em campeonatos mundiais de jiu-jitsu do ano de 2016 até o ano de 2019, 4 anos de campeonato mundial.
Ao todo, foram analisadas 830 lutas e em apenas 116 delas aconteceram os “2” pontos. Isso significa que em apenas 14% das lutas um dos lutadores conseguiu pontuar com alguma queda. Isso em nível mundial.
O que estes dados dão a entender? As quedas são quase inúteis no jiu-jitsu? A resposta curta é não. A resposta longa é não necessariamente. Apesar da baixa incidência de quedas nas lutas, em 88% das vezes que o atleta conseguiu efetuar os “2” pontos ele venceu a luta
Sem levar em consideração outros fatores técnicos e táticas de luta vemos que ao realizar uma queda a chance é muito maior de que você ganhe, do que você perca. Você tem, aproximadamente, 90% de chance de vencer o combate ao quedar o adversário. Como competidor que busca vencer mais isso não é uma estatística que você pode ignorar com facilidade.
Então, se o Passo 2 é abrir mão, temos que abrir mão do quê? Fácil. Da nossa preferência. Temos que parar de adivinhar o que dá certo e ver o que os campeões estão fazendo a nível mundial. Todo ano o jogo muda, certas coisas não mudam, mas outras já deixaram de fazer sentido há muito tempo.
Esses mesmos dados do site bjjheroes.com apresentam as quedas que foram mais efetivas nesses mesmos campeonatos. Abaixo vemos o gráfico:

Podemos ver que o gráfico tem muitas quedas, mas basicamente ele é dividido em 2

Em metade do quadro temos apenas três quedas

E na outra metade temos o resto.

Vamos olhar mais a fundo no gráfico: começando pela metade da direita.

Temos três variações da mesma queda, a baiana, apenas variando na execução. O "Ankle Pick" é a baiana no tornozelo e o "Sweep Single" é a Single Leg que damos a rasteira na outra perna. O "Double/Single from Guard Pull" é a baiana oportunista, que espera o adversário puxar para a guarda para segurar na perna e conquistar os pontos.
Agora vamos para a segunda metade do gráfico, a parte da esquerda. Primeiro podemos observar que a maior incidência são de de técnicas variadas (Miscellaneous), dentro desse grupo temos dez técnicas e fora temos mais sete técnicas, técnicas de todo o tipo são executadas em campeonatos de nível mundial e fica bem evidente nesse gráfico.

O que podemos concluir? Não sei para vocês, mas para mim fica claro qual queda é mais eficiente para o jiu-jitsu. A metade da direita do gráfico do gráfico demonstra que a maior incidência de pontuação utilizando as quedas são vindas de variações da baiana, ou até mesmo da própria baiana (Double Leg tem 2,5% no lado esquerdo e no Miscellaneous vemos a "Safadinha" (Finta do Tomoe entrando a Single)).
O que não significa que as outras técnicas de projeção são inúteis. Técnicas que são menos recorrentes contam com o fator surpresa, porém, mesmo que ocorra mais vezes, a técnica mais simples (a baiana) e uma das primeiras técnicas que aprendemos ainda na faixa branca se mostra mais efetivo, mesmo em nível mundial.
Nesse ponto eu acredito que ninguém ache que a baiana só foi efetiva porque os adversários estavam "vacilando", estamos falando aqui de campeonato de nível mundial em que há um custo enorme envolvido para participar, principalmente para atletas brasileiros. Nenhum dos atletas ali entra "pensando na morte da bezerra".
O que eu quero demonstrar é que é disso que temos que abrir mão, do nosso achismo, do consideramos que é bonito e plástico e temos que partir para o efetivo e vencedor.
Uma comparação é que podemos ver que no judo o uchimata é uma técnica bem recorrente e efetiva utilizada para alcançar a vitória pelos maiores campeões nacionais e internacionais dentro da modalidade, mas no jiu-jitsu, em nível mundial, ela nem aparece nos dados. Isso significa que não ocorra nunca? Não.
Os próprios dados podem estar incompletos, o site que fez a análise menciona que foram analisadas 830 lutas, mas não é a totalidade do torneio pelo período de quatro anos completos. Provavelmente foram analisadas as quartas, semis e finais das categorias mais importantes.
Mas o que esses dados nos demonstram é que, dentro das regras do jiu-jitsu, é mais comum técnicas mais oportunistas que levem em conta o adversário (se ele vai chamar para a guarda ou não) e focar na repetição e ajuste da técnica para o seu objetivo.
E aí, o que acharam?
Quer perder o medo de trocar queda? Dê uma olhada nesse outro post aqui.
Oss
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